sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Embarcações dos Descobrimentos (Nau)



     Nau é uma denominação genérica dada a navios de grande porte até o século XV usados em viagens de grande percurso. Em vários documentos históricos a nau surge com a denominação de nave (do latim navis), termo utilizado quase sempre entre 1211 e 1428. Opõe-se-lhe o termo embarcação, aplicado a barcos de menores proporções, utilizados em percursos pequenos. As naus eram também chamadas carracas.
Durante a época dos Descobrimentos, houve uma evolução dos tipos de navio utilizados. A barca, destinada à cabotagem e pesca, era ainda utilizada ao tempo de Gil Eanes, quando, em 1434, dobrou o Cabo Bojador, e seria sucedida pela caravela.
Concretamente, na Baixa Idade Média, mais precisamente entre o século XIII e a primeira metade do XV, as naus, ainda tecnicamente longe daquilo que seriam nos Descobrimentos, serviam essencialmente para transportar mercadorias que provinham dos portos da Flandres, no norte da Europa, para a península Itálica, no mar Mediterrâneo, e vice-versa.
À época de Fernando I de Portugal as naus desenvolveram-se em termos náuticos e multiplicaram-se de forma assinalável em Portugal. Devido à pirataria que assolava a costa portuguesa e ao esforço nacional de criação de uma armada para as combater, as naus passaram a ser utilizadas também na marinha de guerra. Nesta altura, foram introduzidas as bocas-de-fogo, que levaram à classificação das naus segundo o poder de artilharia: naus de três pontas (100 a 120 bocas) e naus de duas pontas e meia (80 bocas). A capacidade de transporte das naus também aumentou, alcançando as duzentas toneladas no século XV, e, as quinhentas, no século seguinte.
Com a passagem das navegações costeiras às oceânicas, houve necessidade de adaptar as embarcações aos novos conhecimentos náuticos e geográficos. À medida que se foi desenvolvendo o comércio marítimo e se tornou necessário aumentar a capacidade do transporte de mercadorias, armamento, marinheiros e soldados, foram sendo modificadas as características dos navios utilizados. Surgiam então as caravelas de armada e, posteriormente, as naus.
Em 1492 Cristóvão Colombo zarpou das Ilhas Canárias rumo ao descobrimento da América com a nau Santa Maria, a caravela redonda Pinta e a caravela latina Niña. Em 1497 partiu Vasco da Gama para a Índia já com três naus e uma caravela.
De grande porte, com castelos de proa e de popa, dois, três ou quatro mastros, com duas ou três ordens de velas sobrepostas, as naus eram imponentes e de armação arredondada. Tinham velas latinas no mastro da ré. Diferentes das caravelas, galeões e galé, as naus tinham, em geral, duas cobertas.
No século XVI tinham tonelagem não inferior a 500, embora, segundo o testemunho do Padre Fernando de Oliveira, no seu livro Livro da Fábrica das Naus, em meados desse século as naus eram armadas com crescente tonelagem, chegando a ter 600 toneladas no auge da Carreira da Índia.

Embarcações dos Descobrimentos (Galeão)



     Um galeão é um navio a vela que possui quatro mastros, de alto bordo, armado em guerra, frequentemente utililizado no transporte de cargas que possuiam alto valor na navegação oceânica entre os séculos XVI e XVIII. Alguns tinham 1200 toneladas e 40 bocas de fogo.
Por volta do século XII, o galeão era uma pequena galé com uma só ordem de remos, e de formas finas. Mais tarde aplicou-se o termo a navios de alto bordo e de velas nas carreiras da América, da África e das Índias.
Em 1770, durante a guerra da sucessão da Espanha, vários galeões carregados de ouro afundaram na baía de Vigo.
Em maio de 2007 foi descoberto um carregamento de moedas de prata de um galeão espanhol, com equivalência chegando a 1 bilhão de reais.
O galeão também era usado por piratas, mas após ser roubado ou construido pelos mesmos se chamava Corsário.

Embarcações dos Descobrimentos (Navio)

                

    Há uma unanimidade entre os historiadores quanto à questão da Conquista de Ceuta ser o início da expansão portuguesa. Foi uma praça conquistada com relativa facilidade, por uma expedição organizada por D. João I, em 1415.
    O Infante D. Henrique é quem promove os Descobrimentos Portugueses.
    Paralelamente há um outro projecto assinado como um projecto nacional - o norte de África. Este projecto era um projecto prestigiado pela coroa portuguesa, pois tratava-se de conquistar, de fazer guerra. Após a Conquista de Ceuta, segue-se o desastre de Tânger, em 1437, com a derrota portuguesa. Segue-se um conquista de uma série de praças: Alcácer Ceguer,  Arzila, Tânger, Azamor, Safim, Mazagão.
    Ainda durante o reinado de D. João, e sob comando do Infante D. Henrique dá-se o redescobrimento da Madeira, uma expedição às Canárias em 1424 e o descobrimento dos Açores.
    O redescobrimento da Madeira dá-se em 1419/20. Em 1419 a ilha de Porto Santo foi redescoberta por João Gonçalves Zarco e em 1420 a ilha da Madeira por Tristão Vaz Teixeira. Trata-se de um redescobrimento porque já havia conhecimento da existência das ilhas da Madeira no século XIV. Isso é-nos revelado na cartografia do século XIV. Em 1424 inicia-se a colonização da Madeira.
    Em 1427, inicia-se o descobrimento do arquipélago dos Açores. Nesse ano é descoberto o grupo oriental dos Açores (S. Miguel e Santa Maria). Segue-se o descobrimento do grupo central (Terceira, Graciosa, S. Jorge, Pico e Faial). Em 1452 o grupo ocidental (Flores e Corvo) é descoberto por João de Teive.
    Na regência de D. Duarte, Gil Eanes dobra o Cabo Bojador em 1434. A partir daqui, o Infante D. Henrique promove o descobrimento da costa africana, por sua própria iniciativa, sem intervenção da coroa, até 1460.
    Já na regência de D. Afonso V, em 1441 Nuno Tristão chega ao Cabo Branco, em 1443 a Arguim e em 1444 à Terra dos Negros.
    Em 1444, Dinis Dias descobre Cabo Verde e segue-se a ocupação das ilhas ainda no século XV, povoamento este que se prolongou até ao século XIX.
    Em 1445, António Fernandos chega a Cabo dos Mastos.
    Em 1460, Pero de Sintra atinge a Serra Leoa. Neste mesmo ano falece o Infante D. Henrique.
    A missão antes comandada pelo Infante D. Henrique vai parar às mãos do Infante D. Fernando. Em 1469, D. Afonso V entrega esta missão a um mercador da cidade de Lisboa, Fernão Gomes.
    Em 1471, inicia-se o descobrimento do arquipélago de S. Tomé e Príncipe. Em 21 de Dezembro de 1474, João de Santarém descobre a ilha de S. Tomé. Pero Escobar descobre a 17 de Janeiro de 1475 a ilha de Príncipe. A ilha de Ano Bom é descoberta já no reinado de D. João II, em 1 de Janeiro de 1405, hipoteticamente por Diogo Cão.
    Em 1472, Gaspar Corte Real descobre Terra Nova, e em 1473 Lopes Gonçalves ultrapassou o Equador.
    Desde 1474/75 o príncipe D. João, futuro rei, fica responsável pela tarefa dos descobrimentos. Este sobe ao trono em 1482.Nesse mesmo ano organiza a primeira viagem de Diogo Cão. Este faz o reconhecimento de toda a costa até à região do Padrão de Santo Agostinho. Em 1485, Diogo Cão, leva a cabo uma segunda viagem estendendo-se até à Serra Parda.
    Em 1487, Bartolomeu Dias, comandando uma expedição com três caravelas, atinge o Cabo da Boa Esperança.
    Face à chegada de Cristóvão Colombo, em 1492 à América, segue-se a promulgação de três bulas papais - as Bulas Alexandrinas -  que concediam ao reino de Espanha o domínio dessas terras.
    Será esta decisão de Alexandre II que irá vingar. Face a isso, D. João II consegue uma renegociação, mas só entre os dois estados, sem a intervenção do papa. Assim, em 1494 é assinado o Tratado de Tordesilhas: o Mundo é dividido em duas áreas de exploração: a portuguesa e a espanhola. O mundo seria dividido em função de um semi-meridiano que deveria passar a 370 léguas de Cabo Verde - "mare clausum".
    No reinado de D. Manuel I, parte do Restelo, a 8 de Junho de 1497, a armada chefiada por Vasco da Gama. Tratava-se de uma expedição composto por três embarcações. É a partir da viagem de Vasco da Gama que se introduzem as naus. A 9 de Maio de 1498 Vasco da Gama chega a Calecut.
    Em 1500, parte a segunda expedição para a Índia comandada por Pedro Álvares Cabral. Era uma expedição composta por três embarcações. Só que Pedro Álvares Cabral, por alturas de Cabo Verde, desvia-se da rota e em Abril de 1500 chega a uma terra denominada de Vera Cruz, mais tarde Brasil - face à abundante existência de madeira pau-brasil. Face a este desvio, Pedro Álvares Cabral chega a Calecut em 1501. Face a alguns confrontos com o Samorim , Pedro Álvares Cabral acaba por romper as relações com o Samorim. Assim, dirige-se para Sul e estabelece uma feitoria em Cochim.
    Ainda durante o reinado de D. Manuel organiza-se uma terceira armada à Índia, comandada por João da Nova.
    Em 1501, envia-se a segunda armada para o Brasil.
    Em 1514, Jorge Álvares atinge a China.
    No reinado de D. João III (1521-1557) a partir de 1534 inicia-se a colonização do Brasil com a criação das primeiras capitanias.
    Em 1557 os portugueses estabelecem-se em Macau.
    Assim findou a grande época de descobertas portuguesas. Segue-se uma exploração económica com principal incidência na Rota do Cabo, que ligava Portugal à Índia e a exploração do pau-brasil, açúcar, ouro, metais preciosos, tabaco, cacau e café no Brasil.
    Este foi o grande império colonial português na Idade Moderna.