Surgiu pela primeira vez na 5ª edição do periódico "A Lanterna Mágica", a 12 de Junho de 1875, na charge intitulada "Calendário Portuguez", alusiva aos impostos, onde se representa o então Ministro da Fazenda, Serpa Pimentel, a sacar ao Zé Povinho uma esmola de três tostões para Santo António de Lisboa (representado por Fontes Pereira de Melo) com o "menino" (D. Luís I) ao colo, tendo ao lado o comandante da Guarda Municipal, de chicote na mão, presente para prevenir uma eventual resistência. Nas edições seguintes do periódico, a caricatura do Zé Povinho continuou a surgir com o personagem de boca aberta e a não intervir, resignado perante a corrupção e a injustiça, ajoelhado pela carga dos impostos e ignorante das grandes questões do país. Tomou forma tridimensional, popularizando-se com a cerâmica da Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha, a partir do último quartel do século XIX. Figura marcante da caricatura de Bordalo Pinheiro[1], tornou-se uma figura identificativa do povo português, criticando de uma forma humorística os principais problemas sociais, políticos e económicos do país ao longo de sua história, caricaturando o povo português na sua característica de eterna revolta perante o abandono e esquecimento da classe política, embora pouco ou nada fazendo para alterar a situação.
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