segunda-feira, 14 de março de 2011

SOCIEDADE E MENTALIDADE BURGUESA



A partir da revolução industrial, consolidou-se a sociedade burguesa liberal capitalista, baseada na igualdade jurídica entre os homens, na livre iniciativa e na empresa privada. Os indivíduos deveriam ser livres para comprar, vender, investir e fazer contratos de acordo com seus interesses. O equilíbrio do sistema estava na concorrência entre as empresas, a qual era responsável pelos aperfeiçoamentos tecnológicos e pelo desaparecimento das menos aptas.
Entretanto, ao lado do aumento da riqueza e da prosperidade da burguesia, dona do capital, cresceu o pauperismo daqueles que perderam seus antigos direitos de uso da terra e que, para sobreviver, transformaram-se em trabalhadores assalariados, no campo e na cidade. Para os defensores do liberalismo, nada poderia ser feito por essa gente, e qualquer lei que visasse diminuir a exploração do trabalho era uma interferência indevida do estado, que somente prejudicaria as relações entre os homens, considerados livres e iguais.

A Mentalidade Burguesa

No decorrer do século XIX, os burgueses europeus passaram a ver o mundo de uma forma completamente diferente daquela dominante no século anterior. A intensidade das mudanças propiciadas pela expansão do capitalismo industrial fortaleceu, entre eles, a idéia que a humanidade caminhava no sentido de uma melhora contínua e incessante; em outras palavras, acreditavam que a história dos homens tendiam a um constante progresso. Crescimento industrial, expansão das comunicações, desenvolvimento das artes e das ciências, aumento das atividades comerciais européias e intercontinentais... Tudo parecia comprovar que o mundo progredia e que os europeus do século XIX viviam o auge desse processo.
Os burgueses acreditavam que esse progresso – do qual seriam os principais agentes – beneficiava o conjunto da população européia. Em sua concepção na nova sociedade criada pelo capitalismo industrial, todos tinham chance de realização econômica e social, dependendo apenas do talento e do esforço individual. Nesse sentido, viam a competição como algo positivo, pois servia para avaliar os talentos individuais e garantir a vitória dos melhores em cada área, o que acabaria ajudando o conjunto da sociedade. Assim, o talento individual e a competição eram vistos como motores que empurravam a humanidade em direção ao progresso.

Os liberais acreditavam que a humanidade era constituída de indivíduos naturalmente livres e iguais, que buscavam seus próprios interesses por meio da competição entre si. Nessa disputa, em que não devia interferir nenhuma força externa aos concorrentes , seria produzida uma ordem social natural que levaria todos os homens ao conforto, ao bem estar e á felicidade. As diferenças econômicas resultantes dessa competição deviam-se ao talentos e esforços individuais e não eram contraditórios com a crença na igualdade natural entre os homens, que devia ser assegurada  pela organização política e pela justiça.
Os conceitos liberais foram rapidamente absorvidos pelos burgueses, pois respondiam a sua visão de mundo e serviam como armas poderosas na luta contra o modo de vida aristocrático, que ainda dominava boa parte da Europa no início do século XIX. A idéia da igualdade natural entre os homens negava o cerne da visão aristocrática , baseada nos privilégios obtidos por nascimento; por outro lado, a pregação da liberdade econômica constituía um ataque direto ao intervencionismo econômico levado a cabo pela maioria das monarquias européias. Assim, além de ser a base da nova mentalidade burguesa, o liberalismo foi a base teórica para a grande luta da burguesia européia contra a aristocracia e seu modo de vida e para a dominação dos assalariados.

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